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quarta-feira, 8 de março de 2023

Quando meu Sertão Colorido esteve na Mostra Cariri

Em 2022 eu realizei a primeira exposição individual da série Sertão Colorido. Com a agenda corrida, acabei não vindo aqui falar sobre isso e a postagem foi ficando pra depois. E o depois ficou pra depois mesmo! Mas vamos lá, que sempre é tempo de falar das boas realizações.

Sertão Colorido na galeria da Fundação Casa Grande

Iniciei a série Sertão Colorido em 2020 com o quadro O Vaqueiro e de lá pra cá já pintei algumas obras. Com a maioria delas ainda em minha posse, resolvi que queria expor. Comecei participando de coletivas enquanto produzia mais quadros, até que veio a primeira individual com a série, em agosto de 2022, por ocasião da Mostra Cariri de Culturas, evento realizado pelo SESC e Sistema Fecomércio nas principais cidades do Cariri Cearense. 

Aprovada no edital da Mostra Cariri, a exposição fez parte dela, sendo montada na galeria da Fundação Casa Grande, em Nova Olinda. Após o encerramento da programação da Mostra, a exposição permaneceu em cartaz por mais um mês. Nos três dias da Mostra eu estive presente, pintando ao vivo dentro da galeria. 

Uma exposição com cara de ateliê

Eu gosto muito de pintar com gente assistindo, interagindo, por isso eu e minha produtora, Elis Oliveira, incluímos a pintura ao vivo no projeto da Exposição Sertão Colorido. A ideia é criar um clima onde o público visitante se sinta dentro do meu ateliê. Uma área da galeria é destinada a realização da pintura ao vivo, contando com cavalete, tintas, pincéis e tudo o mais que caracteriza o local de trabalho de um pintor. Além disso, para dar mais clima de ateliê, alguns quadros são expostos em cavaletes ou dependendo do caso, até no chão, escorados nas paredes.

Cantinho com cara de ateliê bem sertanejo. Olha essa cadeira com assento de couro! (Foto: Elis Oliveira)

Nessa primeira exibição eu aproveitei que estávamos em Nova Olinda, terra do mestre Espedito Seleiro e pintei um retrato dele durante os três dias da Mostra Cariri. Para concluir o desafio dentro do tempo de três dias eu contei com a participação muito especial da Elis Oliveira, que além de me produzir, dá assistência na pintura e em alguns casos também pinta comigo.

Produtora, assistente, pintora... Ela faz tudo!

Alias, aproveito para agradecer à Elis pelo excelente trabalho de produção, atuando junto ao SESC e à Fundação Casa Grande. Ela assumindo a produção fez toda a diferença, me permitindo focar e me dedicar à pintura dos quadros com todo o meu característico perfeccionismo.

Homenagem ao Mestre que é uma das minhas referências

A obra do mestre Espedito Seleiro é uma das inspirações e referências para o meu estilo, principalmente na série Sertão Colorido. Tanto que no primeiro quadro da série, o gibão do queiro é como se fosse uma obra do mestre Espedito. Quando vi que o SESC escolheu Nova Olinda pra levar minha exposição, não deu outra, resolvi pintar um retrato dele!

Eu não levei nenhuma ideia pré-definida de como seria a obra, preferi decidir isso quando chegasse lá e o encontrasse pessoalmente. Alias o encontro foi muito bom, tomamos café na casa dele, batemos papo, ouvimos histórias e conhecemos sua loja e ateliê. 

Batendo papo com o mestre. (Foto: Elis Oliveira)

Conversa vai, conversa vem, ele me mostrou um retrato pintado pelo Maninho Seleiro, seu filho e herdeiro artístico, gente tão boa quanto o pai. Resolvi usar o quadro do Maninho como referência e fiz uma releitura no meu estilo. Assim, seu Espedito aparece no meu quadro costurando o gibão do Vaqueiro.

Retrato pintado por Maninho Seleiro

Depois da obra concluída fizemos uma entrega simbólica, já que o quadro, além de uma homenagem, foi um presente pro mestre e, após entregar eu pedi de volta pra deixar na galeria :) . Ao final da exposição o quadro foi entregue a ele em definitivo.

Momento da entrega simbólica, no teatro da Fundação Casa Grande. (Foto: Fundação Casa Grande)

Além do quadro do Seu Espedito, expus um quadro que ainda está sendo pintado, A Bodega, que ficou em exibição com a pintura por terminar e talvez eu até deixe para finalizá-lo ao vivo noutra galeria. Apresentar obras ainda em andamento também faz parte da proposta da exposição, já que a ideia é que a cada vez que ela ocorrer eu esteja presente, pintando ao vivo, seja começando uma nova obra, seja continuando uma já começada. 

Breve numa galeria perto de você!

Atualmente estamos conversando com algumas instituições e inscrevendo em novos editais para que em breve possamos estar levando a exposição Sertão Colorido pelas cidades e pelo sertão afora, sempre contando com a minha presença pintando ao vivo em cada edição.

E caso você ou sua instituição queiram levar a Exposição Sertão Colorido para sua cidade, basta entrar em contato pelo email producaoelinaudobarbosa@gmail.com

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Meu Sertão Colorido chega no Rio de Janeiro

Após alguns adiamentos por conta ainda da pandemia, enfim teremos a Mostra Turismo Ceará no Rio, de 3 a 12 de junho no Barrashopping. E como já havia sido anunciado, eu participo da exposição de arte que ocorrerá dentro da Mostra com as obras da série Sertão Colorido. As obras estarão à venda no evento.

Meu Galo está indo cantar noutro terreiro. Foto: Lino Vieira

Dentre as obras que vou expor estão “Mulher Rendeira”, pintada em setembro de 2021 e “Ela só quer, só pensa em namorar”, ainda inédita, concluída agora no finalzinho de maio. Essas duas pinturas estão interligadas e fazem parte de uma narrativa, uma novelinha sertaneja, que eu vou contando através das obras que compõem a série.

Que namorá que nada, mainha! Eu tô pensando é que ônibus eu pego pra ir pro Ridijanêro!

Como costumo dizer, eu sou um contador de histórias. Meus quadros são como se fossem frames de um filme e sempre tem um contexto na minha cabeça para aquela cena ser como está ali. Sertão Colorido vem de muitas histórias que ouvi, umas reais, outras inventadas, outras enfeitadas, enfim, cada caso é um causo.

Também vão "Galo Cantando" e "Lata D'Água na Cabeça", ambos pintados no segundo semestre de 2021. O Galo e a Rendeira já estiveram em exposição como parte da coletiva "Um Lugar Espelhado na Arte", ocorrida de outubro a novembro do ano passado na galeria do Shopping Benfica, aqui em Fortaleza.

Eu e a Rendeira na exposição do Shopping Benfica. Foto: Lino Vieira

Agora meus amigos do Rio terão a oportunidade de ver de perto minhas cores sertanejas. E quem quiser adquirir, todos os meus quadros expostos estarão à venda no próprio evento.

Serviço

Mostra Turismo Ceará no Rio
Onde: BarraShopping, no Bairro da Tijuca
Quando: 3 a 12 de junho, das 10h às 22h
Realização: Origami Eventos e In Novarh Eventos

domingo, 24 de outubro de 2021

Priorizando os quadrões, adiando os quadrinhos

Essa foi uma decisão que tomei ano passado e estava em curso até o início deste ano. Aí houve o que houve com meu pai e eu dei uma longa pausa nas pinturas e tudo relativo a elas. Com isso acabei me dedicando bastante à produção dos quadrinhos, como disse em outro post. Porém, ao voltar à ativa social e comercialmente falando, vieram as exposições, a produção dos quadros e os novos projetos, atividades que estão me tomando todo o tempo de produção artística. 

Pincéis a todo vapor

Nesse período off eu produzi várias páginas de HQs e refiz o planejamento editorial do selo EB Comics. Com todo o material produzido e as novas edições planejadas, quase optei por inverter o planejamento para os próximos três ou quatro semestres, levando o foco para os super-heróis com publicação de revistas impressas e início do processo de transmídia. Mas, estrategicamente falando, manter a decisão do ano passado é bem melhor.

Algumas das páginas finalizadas este ano.


Não é tão simples construir um universo

Quando lancei o Universo EB em 2015 eu achava que logo ia fazer vários lançamentos, mas...  Ufa! Desenhar HQs é um trabalho demorado! Tenho que entregar os pontos e aceitar que não dá pra fazer um universo inteiro de HQs sozinho. E quando se quer um universo transmídia, é mais trabalho e tempo ainda que necessita para que tudo aconteça.

Minha intenção sempre foi eu mesmo desenhar todas as HQs que estabeleçam a base canônica do meu universo e só depois passar a contar com outros quadrinistas na produção das HQs. A realidade, porém, me mostrou que é preciso rever isso, o que farei a partir de 2022.


Foco nos quadrões

Assim sendo, o foco está nas pinturas, aproveitando a carona da retomada das atividades presenciais. Tenho duas séries de quadros em andamento, planos para uma terceiras e, como falei na entrevista que dei pra coluna Frisson, ainda tenho planos de pintar ao vivo em alguns locais. Vai ser uma virada de ano bem movimentada.

E depois da virada, segue o movimento pelo ano todo!

Mas é claro que não vou deixar tudo totalmente na geladeira. Como já falei aqui antes, quadrinhos são parte de mim e quando passo tempo sem desenhá-los sinto muita falta. Assim, de vez em quando vou dar uma paradinha e desenhar uma ou duas páginas. Além disso, algumas conversas que venho travando sobre parcerias serão continuadas, preparando o terreno para os próximos passos.

Contando sempre com a paciência de quem está esperando as novas HQs dos meus heróis e heroínas.

Elinaudo Barbosa

Minha série de borboletas multicoloridas

Minha primeira série de obras pintadas em telas teve início no ano passado (2020). São as borboletas, figuras humanas de um universo fantástico com asas multicoloridas de borboleta. A série, que é composta de criações espontâneas e telas encomendadas surgiu a partir de uma arte digital feita um ano antes.

Pintando a Iracema Borboleta em novembro de 2021 (foto: Leonardo Filho)

Em fevereiro de 2019, em mais uma das polêmicas nacionais envolvendo a questão da diversidade de gênero, eu criei uma arte digital e publiquei no meu Instagram em apoio à causa. Gostei muito dela, algumas pessoas também disseram ter gostado e fiquei com planos de pintar numa tela. Mas as telas das borboletas coloridas só começariam a ser pintadas no ano seguinte e o quadro da diversidade acabou não sendo o primeiro com asas multicoloridas.

Arte digital criada em fevereiro de 2019

Uma encomenda me animou pra começar a série

Patrícia Teles, amiga que conheci quando estávamos atuando no Causas do Bem, me procurou para encomendar um quadro para sua casa. Durante o briefing, mostrei pra ela a arte das borboletas e sugeri o tema para o quadro dela. A obra conta sua história de vitória e transformação pessoal e a borboleta é um símbolo perfeito para isso. A obra foi finalizada e entregue em agosto de 2020.

Logo após dar os retoques finais na obra (Foto: Leonardo Filho)

Esse commission foi o estímulo que faltava pra eu pintar minhas borboletas. Em setembro eu pintei uma tela adaptando a arte digital das borboletas. O quadro, que seria o primeiro das borboletas, acabou sendo o segundo de uma série que continua em aberto. Alias, esse quadro é o único que ainda está comigo.

"O Amor em todas as Cores", ou "O Beijo", como parece que vai acabar sendo conhecida essa tela :)

Entre outubro e novembro do mesmo ano duas novas borboletas surgiram, ambas para o acervo do hospital HCF, aqui de Fortaleza. A primeira é uma Vênus no Espelho, cuja inspiração vem das obras clássicas de Velásquez e de Ticiano. 

"Espelho, espelho meu, existe uma borboleta mais bela do que eu?"

A segunda é a Iracema Borboleta, inspirada na escultura Iracema Guardiã do cearense Zenon Barreto. Ambas as telas estão atualmente expostas na novíssima ala de cirurgia plástica do hospital HCF.

A Guardiã que pode voar

Em dezembro iniciei a produção de uma nova borboleta. Essa sofreu pausas por diversas circunstâncias e ainda está em andamento. Pretendo finalizá-la ainda este ano.

Outras borboletas já estão voando aqui na minha imaginação, dentre elas uma outra Iracema. Como disse, é uma série em aberto. Conta com quadros bem diversos em temas e também nos formatos das telas. O ponto em comum são as asas multicoloridas desses seres fantásticos que habitam meu multiverso.

Elinaudo Barbosa

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Minha série de quadros Sertão Colorido entra em exposição

Nesta quinta, 14 de outubro, inicia a exposição coletiva "Um Lugar Espelhado na Arte", no Shopping Benfica, aqui em Fortaleza, onde participo com duas telas da minha série Sertão Colorido. Em fevereiro de 2022, essas e outras obras da série irão para o Rio de Janeiro, onde farão parte da "Mostra Turismo Ceará no Rio".

Mulher Rendeira, segundo quadro da série Sertão Colorido

Iniciei essa serie no ano passado, de outubro pra novembro, com o quadro Vaqueiro, que tive o prazer de pintar na casa do meu pai, no interior, a mesma casa onde aprendi a desenhar aos 6 anos de idade.

Pintando o Vaqueiro (foto: Elisângela Oliveira)

Agora em 2021 retomei a série, que já conta com mais três obras prontas e mais outras sendo gestadas para serem pintadas até janeiro do ano que vem. As telas atuais são um pouco menores que a primeira da série devido a um pedido da exposição do Rio para que as obras não passassem de 80 cm quadrados. Daí resolvi pintar parte da série em telas de 80x60 cm (ou 60x80 cm quando o quadro é vertical). Comparado com o tamanho das telas que costumo pintar, essas são bem pequenas :)

As telas Mulher Rendeira, segunda da série e Galo Cantando, quarta da série, estarão na exposição da Galeria Benficarte, cuja abertura acontece nesta quinta, dia 14, às 19 horas, e fica em cartaz até o dia 14 de novembro. É uma mostra grande, com mais de 30 artistas, iniciativa conjunta do Shopping Benfica com o projeto Arte Por Artista. A curadoria é da arquiteta e também artista plástica Andréa Dall'Olio.

Evento aberto, todo mundo convidado!


Serviço:
Abertura da Exposição “Um Lugar Espelhado na Arte”
Quando : 14 de Outubro, quinta-feira, às 19h
Onde : Galeria Benficarte – Shopping Benfica, Fortaleza-CE

quinta-feira, 15 de julho de 2021

O surgimento do Estilo Elinaudo

Esse estilo que hoje aparece nas minhas telas, artes para produtos e até em logomarcas nasceu lá na virada do milênio. O mundo estava prestes a acabar e eu ainda era muito jovem pra me despedir de tudo isso. Assim, para que o apocalipse não acontecesse eu resolvi deixar o mundo muito mais colorido. :D

Uma das infogravuras que compôs minha primeira série de gatos, em 1999/2000

Finalizando a tela Iracema, da série Borboletas, em outubro de 2020. Foto: Leonardo Filho

No final dos anos 1990 fui convidado para participar de uma exposição sobre o Batman. Não recordo o ano exato, mas acredito que era 1999, quando o herói completou 60 anos de criação. Eu era ilustrador contratado do jornal O Povo na época e muito fã do homem-morcego. Comecei a rabiscar a partir de um traço que eu vinha desenvolvendo e saíram 4 ou cinco infogravuras. Nascia ali o Estilo Elinaudo. 

A exposição do Batman foi algo muito simples e nem fiquei com nenhum registro, mas foi o começo do estilo que hoje caracteriza minhas telas.

Depois dos batman's eu criei minha primeira série de gatos, também em infogravuras. Esses eu tenho todos os desenhos em arquivo. Aqui começava um capítulo à parte nessa história, o dos desenhos de gatos no Estilo Elinaudo. 
As cinco infogravuras que compõem a série Gatos

Os gatos infogravuras ficaram expostos durante um bom tempo na Arupemba, um site em formato de galeria virtual que montei também nos 90 para os 2000, que apresentava artes minhas e de outros artistas. 

Também cheguei a pintar uma tela como experimento do estilo, mas nunca finalizei e nem mostrei em lugar nenhum. Só pouquíssimas pessoas conhecem essa tela.

Marcas e artes para aplicação em produtos

Os anos passaram e eu não fiz mais artes ou séries no estilo que criei naquela época, embora continuasse fazendo estudos e esboços para desenvolvê-lo. A primeira arte pra valer só veio uma década depois, em 2012, quando criei uma marca para o movimento em defesa dos gatos do parque do Cocó, aqui em Fortaleza.

Foi a retomada profissional do estilo, usando ele na criação de marcas e artes para aplicação em produtos. Em 2014, eu criei a marca Amo Gatos, uma série de desenhos de gatos aplicados em camisetas, canecas e outros itens.

O primeiro da série Amo Gatos. Do desenho no papel à arte pronta para aplicação em camiseta

Produtos Amo Gatos com aplicação das artes e da própria marca, que também seguiu o Estilo Elinaudo

Marca que criei para o Lapeg, do meu amigo Armando Melo, em 2019

Faltavam as telas

Essas só vieram a partir de 2019, quando pintei um quadro do cantor lírico Thiago Arancan, intérprete oficial do Fantasma da Ópera no Brasil. Depois veio o retrato do meu amigo Pablo Robles, fundador do Causas do Bem e daí engrenou com vários quadros produzidos em 2020. Este ano fiz uma pausa forçada, por conta do período de luto pela perda do meu pai e agora estou retomando, finalizando mais uma tela da minha série Borboletas.

Momento da entrega do quadro ao Thiago Arancan, após o show dele no Teatro RioMar, aqui em Fortaleza. Nesse tempo só quem usava máscara era o Fantasma da Ópera.


Vênus, da série Borboletas. Acrílica sobre tela, pintada em 2020. Foto: Leonardo Filho

E os gatos?

Apesar do estilo ter sido marcado por gatos ao longo de sua evolução, só pintei uma tela deles até agora, bem na pegada dos gatinhos da Amo Gatos. Não sei ainda se continuarei com uma série a partir dessa tela, pois meu estilo está passando por mais uma evolução e talvez os gatos mudem também. 

Pra não dizer que não falei de gatos :)

Por enquanto estou nas borboletas e também na série inspirada no sertão, que comecei com o quadro Vaqueiro no final do ano passado.

Elinaudo Barbosa
domingo, 11 de julho de 2021

Voltando à programação (colorida) normal

Com a partida do meu pai para o plano superior e nas circunstâncias que foi, precisei dar um tempo nas minhas atividades e me recolher mais do que o recolhimento já provocado pela pandemia. A parte mais difícil de voltar foi a pintura dos quadros, que agora que estou começando a retomar. 

Pintando o Vaqueiro em pleno sertão. Foto: Elisângela Oliveira

O último quadro que pintei, o Vaqueiro, eu estava com meu pai no sertão e ele foi a principal inspiração. Ele foi vaqueiro boa parte da vida e sempre esteve ligado de alguma forma à lida com gado. Além de pegar boi no mato, vacinava, tirava leite e fazia um dos melhores queijos-coalho do Nordeste. Então era natural que eu o tivesse como inspiração e resolvesse pintar in loco.

Assim que terminei o Vaqueiro ele quis vir pra Fortaleza comigo. Viemos e aqui comecei uma nova tela da série Borboletas poucos dias após o aniversário dele. Quase todo dia ele sentava do lado pra me ver pintar e entre uma história e outra das muitas que contava, brincava que jamais teria sido um pintor porque não tinha a paciência que eu tenho pra passar horas pintando uma mesma coisa. Quando o quadro estava bem avançado, ele adoeceu e foi a história que vocês já conhecem. O quadro ficou parado.

E eu sem clima pra pintar. Além de lembrar da presença dele do meu lado enquanto eu pintava, meus quadros são muito coloridos, alegres, não dava pra continuar naquele momento de tamanha tristeza. Só agora, meses depois, estou voltando a pintar e vou terminar a Borboleta. Daqui pro final do mês ela fica pronta e eu mostro pra vocês.

Uma coisa que me alegrou bastante foi que o Vaqueiro ficou na família com a Minha irmã Lindalva. Não podia ter escolhido melhor destino para essa obra que tem tanta história pessoal e familiar.

O Vaqueiro

Referências e começo de uma série

O Vaqueiro, além da inspiração no meu pai, também tem referências de dois mestres da arte e cultura cearenses: Patativa do Assaré, com sua Vaca Estrela e o Boi Fubá e o mestre do couro Expedito Seleiro. O quadro é o início de uma série inspirada no sertão nordestino. Agora com o retorno aos pincéis, darei continuidade a ela, quem sabe até produzo um ou outro in loco novamente.


Elinaudo Barbosa