Mostrando postagens com marcador Adiantando minha Autobiografia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Adiantando minha Autobiografia. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 28 de agosto de 2019

De volta ao Bom Jardim

Depois de alguns anos morando em outro bairro, estou de volta ao bairro onde cresci e onde atuei por muito tempo em diversas causas sociais. Essa relação intensa com o bairro também se fez presente na minha obra artística nas diferentes representações da ponte, que sempre considerei como um ícone do Bom Jardim.

A primeira vez que morei aqui foi em um curto período lá pelos 4, 5 anoa de vida. Depois passei alguns anos no interior e voltei em 1986, aos 10 anos de idade. Daí então morei continuamente até 2008, depois alternando períodos aqui e períodos em outros lugares. Mas mesmo quando fiquei fora nunca cortei totalmente minhas ligações com o social daqui. No período mais longo, quando morei em outro bairro de Fortaleza, mantive minha ligação com o movimento pela criação/efetivação do Pulmão Verde do Siqueira e ministrei aulas e oficinas para os jovens do Grande Bom Jardim.

E fiz novas representações da ponte, somando até agora cinco versões diferentes (se não errei a conta) desse ícone do BJ, sendo uma delas em uma história em quadrinhos que ainda está em produção. Essa é um misto de memória e imaginação, pois representa o que seria a ponte e seu entorno em 1986. Se um dia for feita uma série de TV contando minha infância, o texto de abertura vai iniciar com "Bom Jardim, 1986". :)

Esse quadrinho, que faz parte de uma HQ que ainda estou produzindo, é uma imagem do que seria a ponte do Bom Jardim quando cheguei aqui em 1986

Muitos anos de atuação social e voluntária

Hoje, 28 de agosto, é Dia Nacional do Voluntariado, data que me traz muitas lembranças boas, já que praticamente toda a minha atuação nas causas, movimentos e ONGs foi voluntária. Meus primeiros contatos com algo de social foram ainda no final dos anos 1980, mas me engajei mesmo no começo dos 90, quando me integrei ao movimento de CEBs da Igreja Católica, participando das atividades da Área Pastoral do Bom Jardim, além de participar de atividades dos movimentos estudantil e comunitário. Mesmo sem ainda conhecer conceitos como "desenvolvimento local", eu já tinha ali um grande desejo de contribuir para que meu bairro melhorasse social e economicamente.

Em 1993 tive contato com o ambientalismo, através de um programa de educação ambiental do Projeto Sanear. A parte de educação ambiental era realizada pelo pessoal de uma ONG carioca, o Centro Cultural Rio Cine (atual CIMA) e logo me identifiquei tanto com a causa quanto com o pessoal, vindo a fazer amizade com alguns deles.

1994, meu último ano na Escola Júlia Alves Pessoa, foi um dos anos mais intensos, quando tive minha primeira grande ideia de projeto, a pesquisa do Rio Maranguapinho, que acabou vencendo a Feira Estadual de Ciências e inspirou outro grande projeto, esse de longa duração, o Instituto Brasil Verde, como conto nesse post aqui.

Com meus amigos pesquisando o Maranguapinho em meados de 1994

Do Bom ao Grande Bom Jardim

Foi nessa época movimentada que fiz a primeira representação da ponte de que tenho lembrança. Foi para a capa do suplemento O Povo Nos Bairros, do jornal O Povo. Fiz a convite do Ivonilo Praciano, que gostou e me convidou pra estagiar no jornal, onde acabei sendo contratado e trabalhando por dez anos, mas isso é história pra outro post :)

Não tenho foto da época da pintura. Essa é de 2012, pouco antes de eu doá-la para o Ponto de Memória do Grande Bom Jardim

Além do desenho da capa do suplemento, que era dedicado ao bairro onde o projeto acontecia, participei dos eventos e debates, que reuniam lideranças e representantes locais e representantes dos órgãos e poderes públicos. Eu gostei do formato e guardei a ideia de um dia realizar algo parecido.

Dentro do processo das CEBs, havia as áreas pastorais. Meu bairro compunha a Área Pastoral do Bom Jardim, da qual faziam parte outros bairros e comunidades com denominações não oficializadas. Eu não sei se fui o primeiro, mas certamente fui um dos primeiros a pensar em trazer esse enfoque de região para além da atuação pastoral. Avaliei que aquilo daria mais força e projeção para uma região periférica que precisava lutar por uma maior atenção do Estado e levei esse conceito de Grande Bom Jardim para o meu próximo grande projeto.

O Fórum de Qualidade de Vida

Criado o Brasil Verde, nosso foco inicial de atuação foi justamente a área do Bom Jardim e bairros vizinhos. E foi então que propus o primeiro grande projeto para a ONG recém criada, o Fórum de Qualidade de Vida do Grande Bom Jardim, realizado em 1999. Peguei minha inspiração no projeto do O Povo, acrescentei o enfoque ambiental e a ideia dos cinco bairros — Bom Jardim, Canindezinho, Siqueira, Granja Portugal e Granja Lisboa — como uma região integrada através da identidade local e das lutas sociais.

Como a essa altura eu já trabalhava com mapas no O Povo, usei meu conhecimento na área para apresentar geograficamente a região, indicando inclusive a visão de pertencimento que eu sabia ser a dos moradores à época.

Para dar força à ideia de região, apresentei o mapa com os cinco bairros que formam o Grande Bom Jardim

A área mais clara é a que os moradores realmente consideravam à época como Brande Bom Jardim. Na visão deles as áreas em cinza faziam parte de outros bairros

Como marca do projeto eu usei minha segunda representação da ponte do Bom Jardim, dessa vez uma versão estilizada, transformando-a em um ícone que pudesse representar não só o evento, mas a própria região.

A ponte como ícone


Até meados dos anos 2000, a atuação do Instituto Brasil Verde ficou focada quase que totalmente no Grande Bom Jardim, tendo como ação mais marcante as gincanas ambientais, metodologia dinâmica e divertida para promover temas de educação ambiental e cidadania.

Além disso, participei tanto como indivíduo quanto como representando do Instituto Brasil Verde, de diversas ações, fóruns e articulações do agora consolidado Grande Bom Jardim. E mesmo com a expansão da área geográfica de atuação do Brasil Verde, permaneci atuando localmente, inclusive na parte ambiental.

Alias, foi a partir de um projeto local, o Pulmão Verde do Siqueira, que idealizei um outro grande projeto, a Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, história que eu conto nesse post.

A memória do Bom Jardim

Um outro projeto que desenvolvi meio que em paralelo a tudo foi o Banco de Dados do Bom Jardim. Como bom canceriano eu gosto de guardar coisas e relembrar o passado. Comecei guardando o suplemento do O Povo sobre o bairro e a ele fui juntando recortes de jornal, impressos, cartazes de eventos locais e tudo o mais que eu pude ao longo de uns 15 anos, formando um acervo considerável. Permaneci recolhendo e guardando materiais até me mudar pela primeira vez em 2008.

Quando não tive mais como colher novos documentos, guardei o acervo e o conservei como pude até 2012, quando surgiu o projeto do Ponto de Memória do Grande Bom Jardim, uma espécie de museu local, gerido pelo Centro Herbert de Souza. Após conversações com a coordenação, fiz a doação de todo o acervo para o Ponto de Memória, incluindo minha pintura representativa da ponte, de 1994.

Momento de oficialização da doação do meu acervo para o Ponto de Memória, em novembro de 2013

Agora que estou de volta ao bairro, é bastante provável que eu tenha alguma boa ideia e crie mais um projeto local. Por enquanto vou me reencontrando com as pessoas e vendo o que há de novo por aqui. Tem muita água do Rio Maranguapinho pra passar por baixo da ponte do Bom Jardim e não faltarão novas histórias pra contar sobre essa região do mundo que faz parte de mim.

Pra fechar o post, que ficou bem longo, minha mais recente representação da ponte, no Estilo Elinaudo, que, a convite do amigo Elizeu de Sousa, fiz para o Movimento de Saúde Mental Comunitária no finalzinho do ano passado.

A ponte no meu coloridíssimo Estilo Elinaudo

E a qualquer hora sai uma nova versão da ponte. :)


Elinaudo Barbosa

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Contando a história do Pulmão Verde do Siqueira

Nesta sexta (29/6) contei um pouco da história do movimento pela criação do parque do Siqueira, em Fortaleza. Estávamos às margens da Lagoa da Viúva, manancial que acabou dando o nome ao recém-criado parque, embora nós continuemos chamando carinhosamente de Pulmão Verde. Foi o segundo encontro com o pessoal da Seuma e Seinf para coleta de propostas para o projeto do parque e eu, a convite do Jerônimo, fiz um breve resgate da nossa história em defesa daquela área verde.

Apresentando nossa primeira proposta de parque, elaborada em 2007 (foto feita pelo anfitrião do dia, Raimundo Rodrigues)

Quando eu entrei na história do Pulmão Verde

Era começo de 2007 quando recebi um convite para ir à Associação Delmiro Gouveia. Vinha do meu amigo Roberto Sabino, fundador da entidade e também proponente do parque Pulmão Verde. Fui lá, conheci a ideia e em seguida a própria área verde, em uma visita de reconhecimento. Na época eu coordenava o Instituto Brasil Verde, ONG ambientalista da qual fui um dos fundadores, e firmamos parceria com a Delmiro Gouveia para realizar a mobilização pelo projeto.

Minha primeira visita ao Pulmão Verde, em abril de 2007

A partir daí vieram vários encontros para botarmos no papel as primeiras propostas para a construção de um parque que garantisse a preservação daquele pedacinho de verde que restava da enorme cobertura vegetal que o Siqueira já tivera anos atrás. Junto veio a necessidade de sensibilizar e mobilizar as pessoas para aderirem e defenderem o projeto. Então, enquanto avançávamos com as propostas, íamos em paralelo visitando outras associações de bairro, escolas e demais grupos organizados da região, além de inscrevermos o projeto no Orçamento Participativo, mecanismo da gestão municipal que vigorava em Fortaleza naquele tempo.

Foi nesse período que conheci lideranças e ativistas importantes do Siqueira e região, como o Jerônimo Silva, a Aurélia Silva, o poeta Jota, o professor Cândido Pinheiro e o saudoso Zequinha. Todos já estavam ou foram se somando ao movimento pela criação do parque, movimento que alias começou alguns anos antes da minha chegada por lá em 2007.

A jornada pela visibilidade

Após um primeiro período de mobilização local, onde inclusive realizamos um abraço ao Pulmão Verde, percebemos que estávamos um tanto isolados e distantes da cidade que aparece nos jornais (pelo menos nas pautas ambientais, já que na pauta das notícias ruins a periferia é sempre preferida pela imprensa). Então fomos em busca dos outros movimentos de defesa das áreas verdes da cidade. Após várias visitas e após conhecer várias pessoas importantes do movimento ambiental de Fortaleza, como Ademir Costa, do Proparque Rio Branco, Ademar, do Pró-parque Lagoa da Itaperaoba e Aguinaldo José, do Rachel de Queiroz, construímos uma articulação e realizamos a I Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, momento histórico para a luta ambiental da cidade.

Em 2018 tivemos uma segunda jornada, dessa vez com eventos localizados nas regiões do próprios parques e áreas verdes e apenas um evento para toda a cidade no qual os então candidatos a prefeitos foram convidados a assinar um termo de compromisso com o movimento pelas áreas verdes.

Tela inicial da apresentação sobre o Pulmão Verde, que fiz em 2008 durante a II Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza.

Durante as jornadas começou uma aproximação com outro movimento que, embora geograficamente fosse do lado, estava a uma distancia abissal do nosso, que era o do pessoal que vinha lutando pela preservação da Lagoa da Viúva, liderado pelo Centro Herbert de Souza e pela Rede Dlis do Grande Bom Jardim. Essa aproximação acabou trazendo um resultado muito bom para os dois grupos, que foi a unificação das duas áreas reivindicadas, o Pulmão Verde e a Lagoa da Viúva, em um único parque, decretado em 2015 pelo prefeito Roberto Cláudio.

Uma presença mais pontual

Depois das jornadas houve o encerramento da atuação do Instituto Brasil Verde e eu segui para outras jornadas da minha vida. Fiquei mais distante do movimento ambiental como um todo e também do movimento pelo Pulmão Verde. Mas nunca deixei de acompanhar e de me fazer presente em momentos cruciais como o dia da assinatura do decreto de criação do parque e agora neste mês de junho nos encontros para coleta de propostas para o projeto. Depois de todos esses anos participando, tenho uma ligação pessoal com essa área verde e irei continuar contribuindo até que o sonho do parque se concretize totalmente, com a demarcação, urbanização do entorno, recuperação da vegetação e tudo o mais que temos proposto e buscado junto ao poder público.

O encontro foi de frente para esse cenário inspirador, uma das lagoas que compõe o parque.

Unindo vento e água

Um dos desafios atuais é unificar os diversos movimentos que atuam em defesa das áreas do parque, consolidando um grupo forte que possa seguir em frente na longa e incessante jornada pela efetivação da unidade e pela preservação dela. Outra vez atendendo a uma sugestão do Roberto Sabino, darei uma nova contribuição, realizando com os grupos uma vivência de um dia cujo foco será a busca da harmonia e integração entre todos que atuam em defesa do Parque Lagoa da Viúva, o Pulmão Verde do Siqueira.

O meu programa de desenvolvimento pessoal Sua Vida dos Sonhos tem como uma das principais inspirações e bases os princípios do Feng Shui, expressão que significa literalmente vento e água, uma verdadeira sincronicidade com o parque do Siqueira, onde chegamos com o Pulmão Verde - ar, vento, e encontramos a Lagoa da Viúva - água. Agora vamos trabalhar numa integração desse vento e dessa água para que ambos fluam em perfeita harmonia construtiva e colaborativa.

Porque nesse ecossistema universal nada acontece por acaso :)

Elinaudo Barbosa
segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O ambientalista que virou quadrinista

Na semana que passou tivemos a desconstituição formal do Instituto Brasil Verde, encerrando um importante ciclo da minha vida. Coincidentemente foi a semana de aniversário da EB Comics, iniciativa que marca, acredito eu, um importante novo ciclo que iniciei há dois anos e que será tão ou mais longo que o anterior.

O Elinaudo Raiz era ambientalista e vivia na rua atuando pela causa, já o Elinaudo Nutella só fica em casa fazendo quadrinhos e desenha a si mesmo na rua :D

O contato com o tema ecologia e a pesquisa do rio Siqueira/Maranguapinho

Comecei a me interessar pela causa ambiental nos idos de 1993, quando tive contato com alguns membros do Centro Cultural Rio Cine (atual CIMA), ONG carioca que havia sido contratada pelo Governo do Ceará para executar a parte de educação ambiental do Projeto Sanear. Fui convidado como representante comunitário para participar de algumas reuniões e acabei me interessando muito pelo tema e participando ativamente do projeto.

Nessa mesma época eu alimentava o sonho de levar um grande projeto que pudesse ser bem colocado na Feira Estadual de Ciências, que era realizada anualmente no antigo Centro de Convenções com projetos tanto de escolas públicas quanto privadas. A chance de uma escola pública da periferia ganhar era mínima, por falta de condições de elaborar projetos competitivos. Mas, animado com a temática ambiental, convidei alguns colegas e, com a ajuda do pessoal do Rio Cine, realizamos nosso grande projeto de ciências, a Pesquisa do Rio Maranguapinho. E, claro, não posso deixa de ressaltar aqui a importante atuação da professora Eunice Godoy, nossa militante das ciências, que todo ano levava as equipes da Escola Júlia Alves para participar da feira.

Parte do nosso grupo de pesquisa: eu, Roberto César, Chicão,e Nazaré, recebendo informações do técnico da estação de tratamento de Maracanaú

Depois de meses de pesquisas, visitas a diversos pontos do rio, da nascente à foz conseguimos levar para a feira um dos estandes mais interessantes da competição, com painel de fotos, vídeo, maquete gigante do rio (que eu fiz de argila e precisava de 4 homens pra carregar), resultados de amostras de água, amostras de plantas, enfim, tudo que se tinha direito. E ganhamos! fomos os vencedores da categoria biologia (a mais próxima que tinha do tema ecologia).

Simone, eu (que na época pesava 49 kg) e Léa com nossas camisetas de expositores e nossas calças "santropeito"

O Instituto Brasil Verde

Ainda durante a pesquisa do Maranguapinho começamos a pensar na ideia de fundar uma ONG ambiental, que fomos amadurecendo concomitantemente e demos o nome de Grupo Ecológico Brasil Verde. Após a pesquisa e o ano letivo (era meu último ano na escola secundária) começamos a atuar na região do Grande Bom Jardim, realizando eventos e participando de articulações locais, sempre buscando levar a temática ambiental para as discussões comunitárias. Só na virada dos 90 para os 2000 viemos a formalizar a ONG, que agora se chamava Instituto Brasil Verde e já tinha um nome e certa importância na área do GBJ. Depois fomos gradualmente expandindo a nossa área geográfica de atuação, até que alcançamos todo o município de Fortaleza e um pouco do Estado do Ceará com a realização das Jornadas das Áreas Verdes, ação que marcou os últimos anos de atividades do Instituto Brasil Verde e ajudou a deixar a marca da ONG na história da luta ambiental cearense.

Foto "oficial" do encerramento da primeira Jornada pelas Áreas Verdes, em 2007, na minha época de cabeludo

Em 2008, após a realização da segunda Jornada, encerramos nossa atuação institucional, mas mantivemos ainda o registro formal — em grande parte por insistência minha, pois eu ainda guardava a esperança de um dia voltar à ativa. Como isso não aconteceu ao longo de quase dez anos, resolvemos finalmente dar baixa no CNPJ e encerrar formalmente a instituição.

Mesmo com uma atuação marcada pelo voluntariado — nunca buscamos nenhuma linha de financiamento — conseguimos fazer a diferença na questão ambiental em Fortaleza. No Grande Bom Jardim ajudamos a levar o pensamento ambiental para muitos estudantes e moradores. Na cidade de Fortaleza, a iniciativa das jornadas pelas áreas verdes ajudou a construir e fortalecer a unidade no movimento em defesa dos parques e hoje temos como resultado vários parques oficializados.

Além disso, através do portal na internet Ecologia Online conseguimos um alcance ainda maior, mantendo contato e participando de redes nacionais onde se debatiam temas como educação ambiental, biomas brasileiros e políticas ambientais.

O fim de um ciclo e o começo de outro

Mesmo com o encerramento das atividades institucionais do Brasil Verde em 2008 eu ainda continuei pelos anos seguintes a participar de algumas ações na área de meio ambiente, só deixando de militar nessa área bem recentemente, de modo que o meu "ciclo verde" durou cerca de uns vinte anos.

Participando do ato de oficialização do parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira, em novembro de 2015

O interessante é que quando me voltei para a área ambiental eu estava meio que abandonando um anseio um pouco mais antigo, o de desenhar quadrinhos de super-heróis. Após criar vários personagens, alguns em co-criação com o Erivando Costa, cheguei à conclusão de que eu nunca teria  paciência para desenhar histórias em quadrinhos, pois o processo era repetitivo demais (principalmente naquela época, onde tudo tinha que ser feito diretamente no papel).

Agora, após me desligar da militância ambiental, voltei à ideia dos quadrinhos de heróis e fiz as pazes com a repetitividade do processo de produção das HQs, especialmente depois que dominei as ferramentas digitais.

O ciclo mudou e o ambiente também. Agora estou sempre em casa, rodeado de gatos, desenhando quadrinhos

O lançamento da EB Comics em 2015 e o tanto que tenho estudado e procurado me aperfeiçoar nos quadrinhos me trazem a certeza de que esse novo ciclo que começou há pouco vai durar tanto ou mais que o anterior. E se lá eu consegui fundar uma ONG e deixar uma marca na história do ambientalismo cearense, aqui eu quero fundar uma editora e construir uma marca nos quadrinhos brasileiros.

Então senta que vai ter história!

Elinaudo Barbosa

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Como venci a timidez e dominei a arte de falar em público

Hoje sou um palestrante. Embora não atue profissionalmente com isso, já falei em público sobre diversos temas, algo que me traz sempre uma grande satisfação.  Mas nem sempre foi assim. Para chegar até aqui tive que travar uma longa batalha interior para vencer a timidez e as inibições que tinha. Conto minha experiência para que sirva de inspiração para quem também tem o desejo de se tornar um(a) palestrante mas ainda sofre com o medo do palco e da plateia.

Adoro palestrar!

Uma criança interior egocêntrica

Talvez por ter sido filho único até os cinco anos, eu tenha aprendido a gostar de ser o centro das atenções. À medida que fui crescendo, porém, cresceu comigo uma timidez absurda que me dominou no começo da adolescência e ainda hoje tem seus resquícios na minha personalidade.

Até os 5 anos só tinha eu, todas as atenções eram pra mim :)

Isso fez da adolescência um período difícil pra mim. Ser tímido e fechado não combinava com minha criança interior egocêntrica e eu sofria vendo os extrovertidos se dando melhor enquanto eu ficava no ostracismo dos CDF’s. Não era a vida que eu queria. Eu queria ser como aqueles caras! E como eu sempre quis o máximo das coisas, queria não só conseguir me dirigir às pessoas diretamente como os outros faziam, resolvi que queria aprender a falar em público e me tornar um palestrante. Foi aí que comecei a travar uma das minhas maiores batalhas interiores.


Buscando e criando oportunidades

Passei a buscar todas as oportunidades que tinha de falar na escola e o fato de ser desenhista me ajudou, pois eu desenhava os trabalhos e depois ia apresentar. As pessoas gostavam dos desenhos e não ligavam tanto para a tremedeira e suadeira que eu ficava tentando falar. Ao mesmo tempo fui começando a me interessar por tudo o que era relacionado à organização de eventos.

Nessa época, início dos anos 90, eu comecei a participar de movimentos políticos, primeiro no grêmio da escola, depois em grupos remanescentes das lutas contra a Ditadura Militar e daí fui enveredando pelos movimentos sociais, CEB’s, movimentos comunitários e por fim o movimento ambiental. Desse modo, em mais de 20 anos de militância, tive inúmeras oportunidades de falar para os mais variados públicos, além do privilégio de poder assistir palestras e discursos de grandes oradores. A batalha foi sendo ganha, pouco a pouco, fala após fala.

A participação em eventos logo me deu intimidade com o microfone.

Minha primeira palestra

Foi em 1992, quando tinha 17 anos que ajudei a criar minha primeira oportunidade de palestrar. Era o aniversário de 500 anos de descoberta das Américas e sugeri à escola a realização de um seminário sobre esse tema. Minha grande professora Rita de Cássia, a Ritinha, topou e encabeçou a realização do evento, do qual eu participei da organização, tendo também ali uma das primeiras experiências nessa área. Mas o melhor ficou pro final! Metido como sempre, me propus a ser um dos expositores e tive a oportunidade de proferir a minha primeira palestra! Até hoje me lembro da sensação de falar olhando para aquelas pessoas todas que me assistiam atentamente e sentir pela primeira vez a grande troca de energia que acontece entre o palestrante e a sua plateia.


Diversidade de experiências

Meu aprendizado se seguiu com outras experiências desse período que vieram a se somar. Durante o tempo que participei das CEB’s da Igreja Católica tive a oportunidade de fazer teatro, participar de celebrações e até ser o celebrante na igreja num período em que havia poucos padres na comunidade. Depois fiz rádio comunitária, onde apresentei um programa de entrevistas semanal e por duas vezes realizei um programa de um dia de duração, por ocasião da Gincana Ambiental que realizávamos através do Instituto Brasil Verde, uma gincana de rua cujas tarefas eram passadas ao vivo pelo programa de rádio.

Além disso, falei em atos políticos, puxei passeata em carro de som, fui mestre de cerimônia em meus próprios eventos, participei de um sem número de debates e audiências públicas nos parlamentos e dei entrevistas para a TV, tanto na rua quanto em estúdio. 

É pena que fosse tão mais difícil fazer registros. Se tivesse Youtube e Instagram na época, garanto que o meus canais teriam bombado.

Participar de audiências públicas, onde o tempo de intervenção é bem pequeno, é
ótimo para aprender a falar de forma concisa e objetiva.

Além da busca constante por oportunidades de falar em público, eu treinava em casa tanto falas quanto gestos e ensaiava mentalmente textos de palestras que ia dar ou mesmo de palestras imaginárias, hábito que mantenho até hoje e que me ajuda principalmente a escrever.

Com isso, a cada vez que ia falar melhorava um pouquinho, ficava menos nervoso, esquecia menos o texto, até que chegou um dia em que se tornou natural. Tão natural que hoje falo com tranquilidade para qualquer público sem qualquer inibição. Tão natural que quando subo no palco e pego o microfone é como se estivesse entrando em casa. :D

Nunca tive inibição com a câmera. Só tive que aprender a falar olhando pra
ela ao invés de olhar para quem estava me entrevistando. :)

O desafio de aprender sempre

Claro que o aprendizado e o aperfeiçoamento devem ser constantes. Eu ainda não estou satisfeito com a projeção da minha voz (resquício da timidez e do jeito de falar da minha família materna) e venho trabalhando nisso para poder falar ainda melhor para minhas presentes e futuras plateias.

E como sempre estou me dando novos desafios, o próximo é gravar vídeos para o meu canal no Youtube. Logo-logo estarei postando os primeiros falando da temática que trabalho atualmente em meus textos e palestras: mudança de crenças e padrões mentais para atrair e criar prosperidade e abundância e dinheiro.

Minha criança interior está muito feliz com tudo isso! :D

Elinaudo Barbosa
10 de novembro de 2016
quarta-feira, 27 de julho de 2016

Criando marcas com gatos

Hoje quando acessei o Facebook apareceu nas recordações uma marca que fiz há quatro anos para o movimento SOS Gatos de Fortaleza. Ela foi símbolo de uma unificação de vários grupos na época em defesa dos gatos abandonados em praças e parques da cidade, o que resultou em algumas ações como castrações coletivas e eventos de adoção.

Até o secretário de meio ambiente do município na época, Adalberto Alencar, vestiu a camisa. A imagem é um print do vídeo de divulgação do movimento, que você pode assistir no Youtube.

Um ano depois uma das camisetas com a marca foi apresentada em rede nacional pela Renata Costa, do Blog da Gata Lili, quando ela e sua Lili participaram do programa "Encontro com Fátima Bernardes".

Renata Costa, com a Lili no colo e Fátima Bernardes mostrando a camiseta do SOS Gatos de Fortaleza. Não é todo dia que uma marca sua aparece ao vivo na Globo :)

Essa marca na verdade foi uma evolução de outra que eu tinha feito antes, no mesmo mês, para o então SOS Gatos do Cocó, apresentada numa movimentadíssima audiência pública realizada na Assembléia Legislativa, cujo objeto era a defesa dos gatos do parque, ameaçados à época de serem exterminados. Felizmente os gatinhos do parque foram salvos da ameaça, graças à pressão que se formou contra essa proposta absurda. 

Vários grupos, ONGs e protetores independentes estiveram presentes nesse dia

Foi nessa audiência que conheci boa parte do pessoal atuante no movimento de proteção animal de Fortaleza. A partir daí participei de diversos encontros debatendo formas de cuidar dos milhares de gatos, além dos outros bichos que vivem abandonados em nossa cidade.

Com pessoal do movimento, incluindo a decana da proteção animal no Ceará, Geuza Leitão

Essa experiência, que foi de 2012 (quando criei a marca) até 2013, ou seja, mais ou menos um ano, me fez entender como o movimento funciona e me levou a perceber também que não tenho vocação para ser um protetor no dia-a-dia do movimento, estou mais na categoria dos simpatizantes, que apóiam a causa de maneira indireta.

E foi pensando como um simpatizante da causa interessado em ajudar que, em 2014, eu criei mais uma marca sobre gatos, a Amo Gatos. Dessa vez não uma marca para o movimento, mas uma marca com fins comerciais, para o desenvolvimento e venda de produtos estampados com meus desenhos de gatos. É um negócio que já traz em si uma finalidade social, pois parte da renda líquida é destinada para projetos que cuidem de gatos carentes e abandonados.

Lançando da Amo Gatos sob a vigilância de um cachorro gigante :)

Mas como já encompridei bastante a história, outro dia faço uma postagem aqui específica sobre a Amo Gatos. Enquanto aguarda essa postagem você pode ir lá no Facebook e curtir a página da marca ;)

Elinaudo Barbosa
27 de julho de 2016