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sexta-feira, 29 de junho de 2018

Contando a história do Pulmão Verde do Siqueira

Nesta sexta (29/6) contei um pouco da história do movimento pela criação do parque do Siqueira, em Fortaleza. Estávamos às margens da Lagoa da Viúva, manancial que acabou dando o nome ao recém-criado parque, embora nós continuemos chamando carinhosamente de Pulmão Verde. Foi o segundo encontro com o pessoal da Seuma e Seinf para coleta de propostas para o projeto do parque e eu, a convite do Jerônimo, fiz um breve resgate da nossa história em defesa daquela área verde.

Apresentando nossa primeira proposta de parque, elaborada em 2007 (foto feita pelo anfitrião do dia, Raimundo Rodrigues)

Quando eu entrei na história do Pulmão Verde

Era começo de 2007 quando recebi um convite para ir à Associação Delmiro Gouveia. Vinha do meu amigo Roberto Sabino, fundador da entidade e também proponente do parque Pulmão Verde. Fui lá, conheci a ideia e em seguida a própria área verde, em uma visita de reconhecimento. Na época eu coordenava o Instituto Brasil Verde, ONG ambientalista da qual fui um dos fundadores, e firmamos parceria com a Delmiro Gouveia para realizar a mobilização pelo projeto.

Minha primeira visita ao Pulmão Verde, em abril de 2007

A partir daí vieram vários encontros para botarmos no papel as primeiras propostas para a construção de um parque que garantisse a preservação daquele pedacinho de verde que restava da enorme cobertura vegetal que o Siqueira já tivera anos atrás. Junto veio a necessidade de sensibilizar e mobilizar as pessoas para aderirem e defenderem o projeto. Então, enquanto avançávamos com as propostas, íamos em paralelo visitando outras associações de bairro, escolas e demais grupos organizados da região, além de inscrevermos o projeto no Orçamento Participativo, mecanismo da gestão municipal que vigorava em Fortaleza naquele tempo.

Foi nesse período que conheci lideranças e ativistas importantes do Siqueira e região, como o Jerônimo Silva, a Aurélia Silva, o poeta Jota, o professor Cândido Pinheiro e o saudoso Zequinha. Todos já estavam ou foram se somando ao movimento pela criação do parque, movimento que alias começou alguns anos antes da minha chegada por lá em 2007.

A jornada pela visibilidade

Após um primeiro período de mobilização local, onde inclusive realizamos um abraço ao Pulmão Verde, percebemos que estávamos um tanto isolados e distantes da cidade que aparece nos jornais (pelo menos nas pautas ambientais, já que na pauta das notícias ruins a periferia é sempre preferida pela imprensa). Então fomos em busca dos outros movimentos de defesa das áreas verdes da cidade. Após várias visitas e após conhecer várias pessoas importantes do movimento ambiental de Fortaleza, como Ademir Costa, do Proparque Rio Branco, Ademar, do Pró-parque Lagoa da Itaperaoba e Aguinaldo José, do Rachel de Queiroz, construímos uma articulação e realizamos a I Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, momento histórico para a luta ambiental da cidade.

Em 2018 tivemos uma segunda jornada, dessa vez com eventos localizados nas regiões do próprios parques e áreas verdes e apenas um evento para toda a cidade no qual os então candidatos a prefeitos foram convidados a assinar um termo de compromisso com o movimento pelas áreas verdes.

Tela inicial da apresentação sobre o Pulmão Verde, que fiz em 2008 durante a II Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza.

Durante as jornadas começou uma aproximação com outro movimento que, embora geograficamente fosse do lado, estava a uma distancia abissal do nosso, que era o do pessoal que vinha lutando pela preservação da Lagoa da Viúva, liderado pelo Centro Herbert de Souza e pela Rede Dlis do Grande Bom Jardim. Essa aproximação acabou trazendo um resultado muito bom para os dois grupos, que foi a unificação das duas áreas reivindicadas, o Pulmão Verde e a Lagoa da Viúva, em um único parque, decretado em 2015 pelo prefeito Roberto Cláudio.

Uma presença mais pontual

Depois das jornadas houve o encerramento da atuação do Instituto Brasil Verde e eu segui para outras jornadas da minha vida. Fiquei mais distante do movimento ambiental como um todo e também do movimento pelo Pulmão Verde. Mas nunca deixei de acompanhar e de me fazer presente em momentos cruciais como o dia da assinatura do decreto de criação do parque e agora neste mês de junho nos encontros para coleta de propostas para o projeto. Depois de todos esses anos participando, tenho uma ligação pessoal com essa área verde e irei continuar contribuindo até que o sonho do parque se concretize totalmente, com a demarcação, urbanização do entorno, recuperação da vegetação e tudo o mais que temos proposto e buscado junto ao poder público.

O encontro foi de frente para esse cenário inspirador, uma das lagoas que compõe o parque.

Unindo vento e água

Um dos desafios atuais é unificar os diversos movimentos que atuam em defesa das áreas do parque, consolidando um grupo forte que possa seguir em frente na longa e incessante jornada pela efetivação da unidade e pela preservação dela. Outra vez atendendo a uma sugestão do Roberto Sabino, darei uma nova contribuição, realizando com os grupos uma vivência de um dia cujo foco será a busca da harmonia e integração entre todos que atuam em defesa do Parque Lagoa da Viúva, o Pulmão Verde do Siqueira.

O meu programa de desenvolvimento pessoal Sua Vida dos Sonhos tem como uma das principais inspirações e bases os princípios do Feng Shui, expressão que significa literalmente vento e água, uma verdadeira sincronicidade com o parque do Siqueira, onde chegamos com o Pulmão Verde - ar, vento, e encontramos a Lagoa da Viúva - água. Agora vamos trabalhar numa integração desse vento e dessa água para que ambos fluam em perfeita harmonia construtiva e colaborativa.

Porque nesse ecossistema universal nada acontece por acaso :)

Elinaudo Barbosa
terça-feira, 19 de junho de 2018

Ajudando a pensar o parque urbano do Siqueira

Se há uma coisa em que sou bom e que adoro fazer é facilitar grupos para formulação de propostas e para planejamentos. Na última sexta (16/6) tive a oportunidade de realizar esse trabalho para um projeto pelo qual tenho muito carinho e busco sempre contribuir, que é o Pulmão Verde do Siqueira.

Ajudar a pensar, tanto individualmente quanto em grupos é uma das minhas maiores habilidades.

O encontro, que ocorreu no Bom Mix, no Canindezinho, reuniu técnicos da Seuma e da Seinfra e lideranças locais para uma coleta de propostas com vistas à criação de um projeto de infraestrutura para o Parque Lagoa da Viúva, o nosso Pulmão Verde do Siqueira.

A ideia inicial dos técnicos era fazer uma divisão em dois grupos, onde cada um debateria e apresentaria uma lista de proposições no final. Vendo que o debate poderia ser pouco produtivo sem um registro visível das propostas eu corri atrás do flip-chart e consegui junto ao pessoal do CDVHS um para cada grupo. E assumi o processo de coleta e sistematização do meu grupo. O resultado foi, só no meu grupo, duas enormes folhas de papel madeira apinhadas de propostas.

Minha vantagem com esse tipo de trabalho é que tenho raciocínio rápido e bom poder de síntese, então facilmente vou traduzindo o que os participantes vão dizendo em frases propositivas, de modo que o que seria discutido às vezes por horas, rapidamente se transforma em proposta.

É importante sintetizar, mas mantendo a clareza de cada proposição pois quem vai receber as informações só terá essa anotação como referência. (foto: Wilton Alves)

Não me lembro quando eu aprendi a fazer isso, só sei que um belo dia, anos atrás, descobri que sabia fazer e passei a me oferecer para ajudar em grupos onde participava e com o tempo comecei a ser chamado pra conduzir. No próprio projeto do Pulmão Verde, que começamos em 2007, eu conduzi alguns grupos dos quais saíram as primeiras proposições, na época relativas apenas à pequena área verde próximo da Avenida Osório de Paiva, e que hoje é um dos quatro trechos do parque.

Dia 29, um dia antes do meu aniversário, teremos um novo encontro, onde os técnicos farão a devolutiva das propostas que apresentamos e teremos uma nova rodada para fecharmos as proposições que eles irão transformar em projeto. Estarei lá mais uma vez para dar mina contribuição nesse sonho que sonhamos juntos e que aos poucos vai se tornando realidade.

Dia 29 estaremos juntos novamente. Não esqueçam do meu bolo! (foto: Wilton Alves)

Pensar e ajudar a pensar e planejar, tanto individualmente quanto em grupos é uma das minhas maiores habilidades e hoje isso faz parte dos serviços que realizo em forma de consultoria para organizações, empresas e pessoas. Se você ou sua empresa precisarem da minha ajuda é só me procurar :)

Elinaudo Barbosa
segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O ambientalista que virou quadrinista

Na semana que passou tivemos a desconstituição formal do Instituto Brasil Verde, encerrando um importante ciclo da minha vida. Coincidentemente foi a semana de aniversário da EB Comics, iniciativa que marca, acredito eu, um importante novo ciclo que iniciei há dois anos e que será tão ou mais longo que o anterior.

O Elinaudo Raiz era ambientalista e vivia na rua atuando pela causa, já o Elinaudo Nutella só fica em casa fazendo quadrinhos e desenha a si mesmo na rua :D

O contato com o tema ecologia e a pesquisa do rio Siqueira/Maranguapinho

Comecei a me interessar pela causa ambiental nos idos de 1993, quando tive contato com alguns membros do Centro Cultural Rio Cine (atual CIMA), ONG carioca que havia sido contratada pelo Governo do Ceará para executar a parte de educação ambiental do Projeto Sanear. Fui convidado como representante comunitário para participar de algumas reuniões e acabei me interessando muito pelo tema e participando ativamente do projeto.

Nessa mesma época eu alimentava o sonho de levar um grande projeto que pudesse ser bem colocado na Feira Estadual de Ciências, que era realizada anualmente no antigo Centro de Convenções com projetos tanto de escolas públicas quanto privadas. A chance de uma escola pública da periferia ganhar era mínima, por falta de condições de elaborar projetos competitivos. Mas, animado com a temática ambiental, convidei alguns colegas e, com a ajuda do pessoal do Rio Cine, realizamos nosso grande projeto de ciências, a Pesquisa do Rio Maranguapinho. E, claro, não posso deixa de ressaltar aqui a importante atuação da professora Eunice Godoy, nossa militante das ciências, que todo ano levava as equipes da Escola Júlia Alves para participar da feira.

Parte do nosso grupo de pesquisa: eu, Roberto César, Chicão,e Nazaré, recebendo informações do técnico da estação de tratamento de Maracanaú

Depois de meses de pesquisas, visitas a diversos pontos do rio, da nascente à foz conseguimos levar para a feira um dos estandes mais interessantes da competição, com painel de fotos, vídeo, maquete gigante do rio (que eu fiz de argila e precisava de 4 homens pra carregar), resultados de amostras de água, amostras de plantas, enfim, tudo que se tinha direito. E ganhamos! fomos os vencedores da categoria biologia (a mais próxima que tinha do tema ecologia).

Simone, eu (que na época pesava 49 kg) e Léa com nossas camisetas de expositores e nossas calças "santropeito"

O Instituto Brasil Verde

Ainda durante a pesquisa do Maranguapinho começamos a pensar na ideia de fundar uma ONG ambiental, que fomos amadurecendo concomitantemente e demos o nome de Grupo Ecológico Brasil Verde. Após a pesquisa e o ano letivo (era meu último ano na escola secundária) começamos a atuar na região do Grande Bom Jardim, realizando eventos e participando de articulações locais, sempre buscando levar a temática ambiental para as discussões comunitárias. Só na virada dos 90 para os 2000 viemos a formalizar a ONG, que agora se chamava Instituto Brasil Verde e já tinha um nome e certa importância na área do GBJ. Depois fomos gradualmente expandindo a nossa área geográfica de atuação, até que alcançamos todo o município de Fortaleza e um pouco do Estado do Ceará com a realização das Jornadas das Áreas Verdes, ação que marcou os últimos anos de atividades do Instituto Brasil Verde e ajudou a deixar a marca da ONG na história da luta ambiental cearense.

Foto "oficial" do encerramento da primeira Jornada pelas Áreas Verdes, em 2007, na minha época de cabeludo

Em 2008, após a realização da segunda Jornada, encerramos nossa atuação institucional, mas mantivemos ainda o registro formal — em grande parte por insistência minha, pois eu ainda guardava a esperança de um dia voltar à ativa. Como isso não aconteceu ao longo de quase dez anos, resolvemos finalmente dar baixa no CNPJ e encerrar formalmente a instituição.

Mesmo com uma atuação marcada pelo voluntariado — nunca buscamos nenhuma linha de financiamento — conseguimos fazer a diferença na questão ambiental em Fortaleza. No Grande Bom Jardim ajudamos a levar o pensamento ambiental para muitos estudantes e moradores. Na cidade de Fortaleza, a iniciativa das jornadas pelas áreas verdes ajudou a construir e fortalecer a unidade no movimento em defesa dos parques e hoje temos como resultado vários parques oficializados.

Além disso, através do portal na internet Ecologia Online conseguimos um alcance ainda maior, mantendo contato e participando de redes nacionais onde se debatiam temas como educação ambiental, biomas brasileiros e políticas ambientais.

O fim de um ciclo e o começo de outro

Mesmo com o encerramento das atividades institucionais do Brasil Verde em 2008 eu ainda continuei pelos anos seguintes a participar de algumas ações na área de meio ambiente, só deixando de militar nessa área bem recentemente, de modo que o meu "ciclo verde" durou cerca de uns vinte anos.

Participando do ato de oficialização do parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira, em novembro de 2015

O interessante é que quando me voltei para a área ambiental eu estava meio que abandonando um anseio um pouco mais antigo, o de desenhar quadrinhos de super-heróis. Após criar vários personagens, alguns em co-criação com o Erivando Costa, cheguei à conclusão de que eu nunca teria  paciência para desenhar histórias em quadrinhos, pois o processo era repetitivo demais (principalmente naquela época, onde tudo tinha que ser feito diretamente no papel).

Agora, após me desligar da militância ambiental, voltei à ideia dos quadrinhos de heróis e fiz as pazes com a repetitividade do processo de produção das HQs, especialmente depois que dominei as ferramentas digitais.

O ciclo mudou e o ambiente também. Agora estou sempre em casa, rodeado de gatos, desenhando quadrinhos

O lançamento da EB Comics em 2015 e o tanto que tenho estudado e procurado me aperfeiçoar nos quadrinhos me trazem a certeza de que esse novo ciclo que começou há pouco vai durar tanto ou mais que o anterior. E se lá eu consegui fundar uma ONG e deixar uma marca na história do ambientalismo cearense, aqui eu quero fundar uma editora e construir uma marca nos quadrinhos brasileiros.

Então senta que vai ter história!

Elinaudo Barbosa

domingo, 4 de junho de 2017

A longa jornada pela preservação ambiental

A Semana do Meio Ambiente deste ano chega com uma boa e aguardada notícia para a capital cearense, a oficialização do Parque do Cocó, após quatro décadas de lutas dos ambientalistas, verdadeiras batalhas políticas e jurídicas para defender um dos maiores parques urbanos da América Latina. Tive a honra de participar dessa luta há exatos 10 anos quando propus e realizamos a 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza. Nessa época eu estava à frente do Instituto Brasil Verde, ONG que fundei e coordenei por vários anos.

Foto de encerramento da 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, que realizamos em 2007

O Cocó é a maior e a mais visível dentre várias áreas verdes que o movimento ambiental defendendo ao longo dos anos e que, graças à persistência dos ambientalistas, vem sendo oficializadas. Outra dessas áreas, com bem menos visibilidade na mídia, é o caso do Pulmão Verde do Siqueira, área em que atuei mais diretamente quando numa parceria entre Instituto Brasil Verde e Associação Delmiro Gouveia propusemos a criação daquele parque na região sudoeste da cidade.

Na época dos meus cabelos longos, propondo a inclusão do Pulmão Verde no Orçamento Participativo de Fortaleza

No final de 2015 o Pulmão Verde foi uma das áreas decretadas como parques pelo prefeito Roberto Cláudio. Além da área que defendíamos, foi acrescentada no mesmo decreto uma outra área vizinha, a da Lagoa da Viúva, também pleiteada como parque pelo pessoal da Rede DLIs do Grande Bom Jardim, formando assim o Parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira.

Acompanhando a decretação do parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira

A Jornada em Defesa das Áreas Verdes
Em 2007, ainda à frente do Instituto Brasil Verde, fui procurado pelo amigo Roberto Sabino, que propunha uma parceria entre a Associação Delmiro Gouveia, da qual ele é fundador, para propormos a criação de um parque no bairro Siqueira. Aceita a proposta, começamos a atuar de forma propositiva, buscando apoio da comunidade local e tentando sensibilizar o poder público.

Por estarmos em uma área de periferia, fora da vista da maioria da cidade, não tínhamos poder de mobilizar a opinião pública em favor do nosso pleito. Percebi que outros grupos que defendiam áreas verdes também passavam por essa mesma realidade. 

Então resolvi, em nome do Brasil verde, procurar esses grupos um a um e propor uma ação em rede que pudesse movimentar a cidade em defesa do meio ambiente. Foi aí que surgiu a 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, reunindo movimentos dos quatro cantos da cidade e dando visibilidade para quem estava fora dos holofotes, como nós do Pulmão Verde.

O pessoal da mídia independente fez um vídeo bem legal sobre um dos momentos da Jornada, que foi a visita às áreas verdes da cidade feita por representantes de todos os movimentos envolvidos na ação.

Cada movimento pôde conhecer a área verde do outro

A Jornada teve uma importante contribuição para a integração dos movimentos ambientais de Fortaleza. As lutas e reivindicações desses movimentos foram registradas em um livro feito pelo jornalista Ademir Costa, que também é ambientalista e fundador do Movimento Proparque Rio Branco.

O livro do Ademir é um dos poucos registros do muito que se tem para registrar da história dos movimentos ambientais de Fortaleza
Alias, meu amigo Ademir Costa​ diz que fui eu quem introduziu o termo "área verde" no jargão ambiental de Fortaleza. Como diz o Chaves, foi sem querer querendo. :) Eu comecei a usar a expressão porque achei que ele era o que melhor abrangia a diversidade das áreas de verde e de mananciais pleiteada pelos movimentos ambientais da cidade.

A jornada é permanente

A área oficializada para o Cocó não satisfez os movimentos ambientais da cidade, como você pode ver nessa matéria do Jornal O Povo, onde o movimento coloca que o decreto assinado pelo governador Camilo Santana protege praticamente só terras de marinha, terras que já eram de propriedade do poder público. Ainda assim a proteção de 1.571 hectares é uma vitória importante depois de 40 anos de luta ambiental em uma cidade de crescimento desordenado como Fortaleza.

Nada impede que no futuro possam ser acrescentadas a essa área outras pleiteadas pelos ambientalistas. A luta pelo cocó permanece ativa, assim como continua ativa no Pulmão Verde do Siqueira, onde os ambientalistas conseguiram a demarcação do parque, mas ainda lutam pela sua urbanização, para impedir que o parque seja degradado como aconteceu ano passado.

Será que após 10 anos da realização da nossa primeira Jornada das Áreas Verdes não seria o caso de se fazer uma nova jornada para avaliar a situação desses parques agora demarcados e atualizar as reivindicações dos movimentos ambientais de Fortaleza e RMF para que se possa garantir a preservação, a melhoria e a ampliação das nossas queridas áreas verdes urbanas?

A jornada pelo meio ambiente não pode parar!

Feliz Dia do Meio Ambiente!

Elinaudo Barbosa
4 de junho de 2017
terça-feira, 5 de julho de 2016

Lagoa da Viúva - salvemos o Pulmão Verde do Siqueira

Na tarde da segunda, 4 de julho de 2016, no período da tarde, ambientalistas, organizações e moradores do Grande Bom Jardim fizeram uma ação de replantio na Lagoa da Viúva, no bairro Siqueira, em Fortaleza. A ação aconteceu depois de diversas tentativas de ocupação do parque, sendo que na última, ocorrida há poucos dias, 7 hectares da área que faz parte do Parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira foram desmatados por um trator.

Jornal O Povo, edição de 5 de julho de 2016

O parque foi criado pelo Decreto 13.867, assinado em 9 de novembro de 2015 pelo prefeito Roberto Cláudio. No ato de assinatua do decreto, prefeito e secretários prometeram que em breve iniciariam ações de urbanização do parque, porém passados mais de seis meses apenas placas foram colocadas. A falta de equipamentos e de demarcação física dos limites da área verde e tem facilitado diversas tentativas de ocupação e loteamento.

Prefeito assinando o decreto de criação do parque

O parque Lagoa da Viuva - Pulmão Verde do Siqueira é o resultado de duas ações em defesa de áreas verdes. A primeira, da qual participei diretamente, foi a proposta de cração do parque Pulmão Verde do Siqueira, feita pela Associação Comunitária Delmiro Gouveia e pelo Instituto Brasil Verde, em 2007, cujo objetivo era preservar uma área verde pública municipal, resultante de loteamentos feitos no bairro.

Conheci a área do Pulmão Verde em abril de 2007, época dos meus cabelos longos :)

Em 2012, o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza (CDVHS) e o Centro de Cidadania e Valorização Humana (CCVH), em parceria com o PET Arquitetura da UFC, apresentaram uma proposta de preservação da Lagoa da Viúva, área verde remanescente de uma grande fazenda que existia na região. Somadas as duas propostas, foi criado o parque, cuja poligonal compreende 39,85 hectares, o que engloba duas lagoas incorporadas, área de carnaubal e área representativa de espécies vegetais da Caatinga.

A Lagoa da Viúva

A necessidade mais urgente hoje é uma cerca verde para demarcar fisicamente a poligonal do Parque e conter as tentativas de ocupação. Mas para que o parque seja realmente um parque, ele precisa ter seu entorno urbanizado com calçadas, iluminação pública e sinalização, mobiliário urbano etc. Internamente é necessário criar meios para uso do parque, como trilhas ecológicas e aulas de campo com as escolas da região. Além disso, o parque precisa de segurança e fiscalização pernanente para garantir o bom uso por parte da comunidade e a preservação da natureza.

Como eu disse acima, esse parque tem uma importância pessoal pra mim e vou contnuar dando a minha contribuição para que ele aconteça.

Elinaudo Barbosa
5 de julho de 2016