domingo, 11 de julho de 2021

Voltando à programação (colorida) normal

Com a partida do meu pai para o plano superior e nas circunstâncias que foi, precisei dar um tempo nas minhas atividades e me recolher mais do que o recolhimento já provocado pela pandemia. A parte mais difícil de voltar foi a pintura dos quadros, que agora que estou começando a retomar. 

Pintando o Vaqueiro em pleno sertão. Foto: Elisângela Oliveira

O último quadro que pintei, o Vaqueiro, eu estava com meu pai no sertão e ele foi a principal inspiração. Ele foi vaqueiro boa parte da vida e sempre esteve ligado de alguma forma à lida com gado. Além de pegar boi no mato, vacinava, tirava leite e fazia um dos melhores queijos-coalho do Nordeste. Então era natural que eu o tivesse como inspiração e resolvesse pintar in loco.

Assim que terminei o Vaqueiro ele quis vir pra Fortaleza comigo. Viemos e aqui comecei uma nova tela da série Borboletas poucos dias após o aniversário dele. Quase todo dia ele sentava do lado pra me ver pintar e entre uma história e outra das muitas que contava, brincava que jamais teria sido um pintor porque não tinha a paciência que eu tenho pra passar horas pintando uma mesma coisa. Quando o quadro estava bem avançado, ele adoeceu e foi a história que vocês já conhecem. O quadro ficou parado.

E eu sem clima pra pintar. Além de lembrar da presença dele do meu lado enquanto eu pintava, meus quadros são muito coloridos, alegres, não dava pra continuar naquele momento de tamanha tristeza. Só agora, meses depois, estou voltando a pintar e vou terminar a Borboleta. Daqui pro final do mês ela fica pronta e eu mostro pra vocês.

Uma coisa que me alegrou bastante foi que o Vaqueiro ficou na família com a Minha irmã Lindalva. Não podia ter escolhido melhor destino para essa obra que tem tanta história pessoal e familiar.

O Vaqueiro

Referências e começo de uma série

O Vaqueiro, além da inspiração no meu pai, também tem referências de dois mestres da arte e cultura cearenses: Patativa do Assaré, com sua Vaca Estrela e o Boi Fubá e o mestre do couro Expedito Seleiro. O quadro é o início de uma série inspirada no sertão nordestino. Agora com o retorno aos pincéis, darei continuidade a ela, quem sabe até produzo um ou outro in loco novamente.


Elinaudo Barbosa

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