Como venci a timidez e dominei a arte de falar em público
Hoje sou um palestrante. Embora não atue profissionalmente com isso, já falei em público sobre diversos temas, algo que me traz sempre uma grande satisfação. Mas nem sempre foi assim. Para chegar até aqui tive que travar uma longa batalha interior para vencer a timidez e as inibições que tinha. Conto minha experiência para que sirva de inspiração para quem também tem o desejo de se tornar um(a) palestrante mas ainda sofre com o medo do palco e da plateia.
Adoro palestrar! |
Uma criança interior egocêntrica
Talvez por ter sido filho único até os cinco anos, eu tenha aprendido a gostar de ser o centro das atenções. À medida que fui crescendo, porém, cresceu comigo uma timidez absurda que me dominou no começo da adolescência e ainda hoje tem seus resquícios na minha personalidade.
Até os 5 anos só tinha eu, todas as atenções eram pra mim :) |
Isso fez da adolescência um período difícil pra mim. Ser tímido e fechado não combinava com minha criança interior egocêntrica e eu sofria vendo os extrovertidos se dando melhor enquanto eu ficava no ostracismo dos CDF’s. Não era a vida que eu queria. Eu queria ser como aqueles caras! E como eu sempre quis o máximo das coisas, queria não só conseguir me dirigir às pessoas diretamente como os outros faziam, resolvi que queria aprender a falar em público e me tornar um palestrante. Foi aí que comecei a travar uma das minhas maiores batalhas interiores.
Buscando e criando oportunidades
Passei a buscar todas as oportunidades que tinha de falar na escola e o fato de ser desenhista me ajudou, pois eu desenhava os trabalhos e depois ia apresentar. As pessoas gostavam dos desenhos e não ligavam tanto para a tremedeira e suadeira que eu ficava tentando falar. Ao mesmo tempo fui começando a me interessar por tudo o que era relacionado à organização de eventos.
Nessa época, início dos anos 90, eu comecei a participar de movimentos políticos, primeiro no grêmio da escola, depois em grupos remanescentes das lutas contra a Ditadura Militar e daí fui enveredando pelos movimentos sociais, CEB’s, movimentos comunitários e por fim o movimento ambiental. Desse modo, em mais de 20 anos de militância, tive inúmeras oportunidades de falar para os mais variados públicos, além do privilégio de poder assistir palestras e discursos de grandes oradores. A batalha foi sendo ganha, pouco a pouco, fala após fala.
A participação em eventos logo me deu intimidade com o microfone. |
Minha primeira palestra
Foi em 1992, quando tinha 17 anos que ajudei a criar minha primeira oportunidade de palestrar. Era o aniversário de 500 anos de descoberta das Américas e sugeri à escola a realização de um seminário sobre esse tema. Minha grande professora Rita de Cássia, a Ritinha, topou e encabeçou a realização do evento, do qual eu participei da organização, tendo também ali uma das primeiras experiências nessa área. Mas o melhor ficou pro final! Metido como sempre, me propus a ser um dos expositores e tive a oportunidade de proferir a minha primeira palestra! Até hoje me lembro da sensação de falar olhando para aquelas pessoas todas que me assistiam atentamente e sentir pela primeira vez a grande troca de energia que acontece entre o palestrante e a sua plateia.
Diversidade de experiências
Meu aprendizado se seguiu com outras experiências desse período que vieram a se somar. Durante o tempo que participei das CEB’s da Igreja Católica tive a oportunidade de fazer teatro, participar de celebrações e até ser o celebrante na igreja num período em que havia poucos padres na comunidade. Depois fiz rádio comunitária, onde apresentei um programa de entrevistas semanal e por duas vezes realizei um programa de um dia de duração, por ocasião da Gincana Ambiental que realizávamos através do Instituto Brasil Verde, uma gincana de rua cujas tarefas eram passadas ao vivo pelo programa de rádio.
Além disso, falei em atos políticos, puxei passeata em carro de som, fui mestre de cerimônia em meus próprios eventos, participei de um sem número de debates e audiências públicas nos parlamentos e dei entrevistas para a TV, tanto na rua quanto em estúdio.
É pena que fosse tão mais difícil fazer registros. Se tivesse Youtube e Instagram na época, garanto que o meus canais teriam bombado.
Participar de audiências públicas, onde o tempo de intervenção é bem pequeno, é ótimo para aprender a falar de forma concisa e objetiva. |
Além da busca constante por oportunidades de falar em público, eu treinava em casa tanto falas quanto gestos e ensaiava mentalmente textos de palestras que ia dar ou mesmo de palestras imaginárias, hábito que mantenho até hoje e que me ajuda principalmente a escrever.
Com isso, a cada vez que ia falar melhorava um pouquinho, ficava menos nervoso, esquecia menos o texto, até que chegou um dia em que se tornou natural. Tão natural que hoje falo com tranquilidade para qualquer público sem qualquer inibição. Tão natural que quando subo no palco e pego o microfone é como se estivesse entrando em casa. :D
Nunca tive inibição com a câmera. Só tive que aprender a falar olhando pra ela ao invés de olhar para quem estava me entrevistando. :) |
O desafio de aprender sempre
Claro que o aprendizado e o aperfeiçoamento devem ser constantes. Eu ainda não estou satisfeito com a projeção da minha voz (resquício da timidez e do jeito de falar da minha família materna) e venho trabalhando nisso para poder falar ainda melhor para minhas presentes e futuras plateias.
E como sempre estou me dando novos desafios, o próximo é gravar vídeos para o meu canal no Youtube. Logo-logo estarei postando os primeiros falando da temática que trabalho atualmente em meus textos e palestras: mudança de crenças e padrões mentais para atrair e criar prosperidade e abundância e dinheiro.
Minha criança interior está muito feliz com tudo isso! :D
Elinaudo Barbosa
10 de novembro de 2016
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