A longa jornada pela preservação ambiental
A Semana do Meio Ambiente deste ano chega com uma boa e aguardada notícia para a capital cearense, a oficialização do Parque do Cocó, após quatro décadas de lutas dos ambientalistas, verdadeiras batalhas políticas e jurídicas para defender um dos maiores parques urbanos da América Latina. Tive a honra de participar dessa luta há exatos 10 anos quando propus e realizamos a 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza. Nessa época eu estava à frente do Instituto Brasil Verde, ONG que fundei e coordenei por vários anos.
Foto de encerramento da 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, que realizamos em 2007 |
O Cocó é a maior e a mais visível dentre várias áreas verdes que o movimento ambiental defendendo ao longo dos anos e que, graças à persistência dos ambientalistas, vem sendo oficializadas. Outra dessas áreas, com bem menos visibilidade na mídia, é o caso do Pulmão Verde do Siqueira, área em que atuei mais diretamente quando numa parceria entre Instituto Brasil Verde e Associação Delmiro Gouveia propusemos a criação daquele parque na região sudoeste da cidade.
Na época dos meus cabelos longos, propondo a inclusão do Pulmão Verde no Orçamento Participativo de Fortaleza |
No final de 2015 o Pulmão Verde foi uma das áreas decretadas como parques pelo prefeito Roberto Cláudio. Além da área que defendíamos, foi acrescentada no mesmo decreto uma outra área vizinha, a da Lagoa da Viúva, também pleiteada como parque pelo pessoal da Rede DLIs do Grande Bom Jardim, formando assim o Parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira.
Acompanhando a decretação do parque Lagoa da Viúva - Pulmão Verde do Siqueira |
A Jornada em Defesa das Áreas Verdes
Em 2007, ainda à frente do Instituto Brasil Verde, fui procurado pelo amigo Roberto Sabino, que propunha uma parceria entre a Associação Delmiro Gouveia, da qual ele é fundador, para propormos a criação de um parque no bairro Siqueira. Aceita a proposta, começamos a atuar de forma propositiva, buscando apoio da comunidade local e tentando sensibilizar o poder público.
Por estarmos em uma área de periferia, fora da vista da maioria da cidade, não tínhamos poder de mobilizar a opinião pública em favor do nosso pleito. Percebi que outros grupos que defendiam áreas verdes também passavam por essa mesma realidade.
Então resolvi, em nome do Brasil verde, procurar esses grupos um a um e propor uma ação em rede que pudesse movimentar a cidade em defesa do meio ambiente. Foi aí que surgiu a 1ª Jornada em Defesa das Áreas Verdes de Fortaleza, reunindo movimentos dos quatro cantos da cidade e dando visibilidade para quem estava fora dos holofotes, como nós do Pulmão Verde.
O pessoal da mídia independente fez um vídeo bem legal sobre um dos momentos da Jornada, que foi a visita às áreas verdes da cidade feita por representantes de todos os movimentos envolvidos na ação.
O pessoal da mídia independente fez um vídeo bem legal sobre um dos momentos da Jornada, que foi a visita às áreas verdes da cidade feita por representantes de todos os movimentos envolvidos na ação.
Cada movimento pôde conhecer a área verde do outro
A Jornada teve uma importante contribuição para a integração dos movimentos ambientais de Fortaleza. As lutas e reivindicações desses movimentos foram registradas em um livro feito pelo jornalista Ademir Costa, que também é ambientalista e fundador do Movimento Proparque Rio Branco.
O livro do Ademir é um dos poucos registros do muito que se tem para registrar da história dos movimentos ambientais de Fortaleza |
Alias, meu amigo Ademir Costa diz que fui eu quem introduziu o termo "área verde" no jargão ambiental de Fortaleza. Como diz o Chaves, foi sem querer querendo. :) Eu comecei a usar a expressão porque achei que ele era o que melhor abrangia a diversidade das áreas de verde e de mananciais pleiteada pelos movimentos ambientais da cidade.
A jornada é permanente
A área oficializada para o Cocó não satisfez os movimentos ambientais da cidade, como você pode ver nessa matéria do Jornal O Povo, onde o movimento coloca que o decreto assinado pelo governador Camilo Santana protege praticamente só terras de marinha, terras que já eram de propriedade do poder público. Ainda assim a proteção de 1.571 hectares é uma vitória importante depois de 40 anos de luta ambiental em uma cidade de crescimento desordenado como Fortaleza.
Nada impede que no futuro possam ser acrescentadas a essa área outras pleiteadas pelos ambientalistas. A luta pelo cocó permanece ativa, assim como continua ativa no Pulmão Verde do Siqueira, onde os ambientalistas conseguiram a demarcação do parque, mas ainda lutam pela sua urbanização, para impedir que o parque seja degradado como aconteceu ano passado.
Será que após 10 anos da realização da nossa primeira Jornada das Áreas Verdes não seria o caso de se fazer uma nova jornada para avaliar a situação desses parques agora demarcados e atualizar as reivindicações dos movimentos ambientais de Fortaleza e RMF para que se possa garantir a preservação, a melhoria e a ampliação das nossas queridas áreas verdes urbanas?
A jornada pelo meio ambiente não pode parar!
A jornada pelo meio ambiente não pode parar!
Feliz Dia do Meio Ambiente!
Elinaudo Barbosa
4 de junho de 2017
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