quarta-feira, 21 de julho de 2021

Como criei a heroína Gata Púrpura

Eu adoro gatos, sou doido por de histórias de super-heróis e a cor roxa é uma das minhas preferidas. Pois bem, a Gata Púrpura, primeira heroína que lancei, nasceu basicamente desses três gostos. E da minha vontade de contribuir de alguma forma com a causa animal.

A Gata bem misteriosa na capa da primeira publicação.


Os animais também precisam de heróis

Houve um período em que eu estive bastante próximo da causa animal e pude ver diversos relatos do pessoal que atua no dia-a-dia cuidando dos bichos abandonados, fazendo resgates e lutando contra os maus-tratos. Um desses relatos em particular havia me me chamado a atenção. Tratava-se do envenenamento de vários gatos que viviam no polo de lazer Gustavo Braga, no bairro Damas, aqui e Fortaleza.

Print de notícia da época

Uma protetora que alimentava os gatos de lá fez um desabafo emocionado, dizendo que não era a primeira vez que aquilo acontecia e que ninguém estava fazendo nada para encontrar e responsabilizar os culpados. 

Vendo a notícia e os relatos eu pensei no quanto essa história poderia ser diferente se existisse um super-herói na cidade para combater esse tipo de crueldade. Como seria legal ter um herói ou heroína que defendesse os animais.

Um ano ou dois depois eu botei na cabeça que ia criar meu próprio universo. Dentre as muitas ideias de personagens, relembrei da história do bairro Damas e decidi que criaria um herói defensor dos animais. E que teria poderes de gato!


Eu queria criar um gato (ou gata) do bem

Eu sempre achei os gatos pessoas muito legais e me incomoda a forma estigmatizada como eles são vistos e representados no imaginário das pessoas e nas histórias. Com raras exceções, gatos e gatas são colocados como vilões, ajudantes de vilões ou, no máximo, como anti-heróis. É o gato da bruxa nos contos de fadas, o gato que quer a todo custo jantar o pobre ratinho no desenho ou a gata ladra nos quadrinhos de heróis, que até pode ajudar o herói de vez em quando, mas está sempre pensando no próximo golpe. Daí, quando resolvi criar meu universo decidi que haveria uma representação felina heroica.

Fui juntando as ideias: um herói felino, que defendesse os animais e que usasse uniforme com a cor roxa. Faltava definir o gênero.

Quem conhece a causa animal sabe que a maioria das pessoas que atua nela são mulheres, então seria mais que justo que esse personagem fosse do gênero feminino. 

Foto de 2013 após uma reunião sobre os gatos do parque do Cocó. Os homens são minoria no movimento de proteção aos animais.


Roxo é legal, mas...

A ideia estava ganhando forma, estava surgindo a defensora dos animais, a incrível Gata Roxa!

Não, pera...

Gata Roxa não soa muito bem, né? Parece que a gata caiu do prédio ou levou uma surra do vilão e ficou toda roxa. Vamos repensar esse nome...

Aí lembrei que a tradução de roxo pro inglês é pourple. Púrpura! Era isso! Púrpura tem uma sonoridade muito mais legal em português do que roxo. De volta ao anúncio: eis a defensora dos animais, a incrível Gata Púrpura!

Viu como ficou melhor?

Pra não fugir totalmente do roxo, coloquei as duas cores no uniforme dela. Assim, se ela for traduzida para o inglês como Pourple Cat, não vai ficar errado. 

Pois é, pourple não é púrpura. Púrpura em inglês é crimson. Crimson Cat também não fica nada mal!


Arte conceitual e primeira HQ

Decididas as características, era hora de ir para a prancheta. Fiz alguns esboços e elaborei uma arte conceitual já bem próximo do que seria o design definitivo do uniforme.

Primeira arte conceitual da Gata Púrpura

Depois refinei um pouco mais e parti para o desenho da primeira HQ. Foi um trabalho pesado, virei noites fazendo. Havia muito tempo que não desenhava quadrinhos e eu ainda não sabia usar direito a mesa digitalizadora. Desenhei tudo em papel e só a colorização que fiz digitalmente. Era outubro de 2015.

Dia 13 de novembro a Gata ganhou vida nos quadrinhos com o lançamento de EB Comics 1, uma revista digital de 11 páginas com a HQ Uma Gata no Telhado, onde nossa heroína salva um gatinho e dá uma surra no homem que queria matá-lo.

A arte-final em papel e o quadrinho finalizado com colorização digital. Novembro de 2015.

Depois, já em 2017, eu resolvi mudar o título de "EB Comics" para "Universo EB" e republiquei a HQ em uma nova revista digital lançada em janeiro daquele ano.


Ia ser uma história maior

O plano para a primeira HQ era fazer uma história maior, contando uma noite toda de atuação da heroína na cidade de Fortaleza. Mas eu tinha outros trabalhos, desenhava muito lentamente ainda, resolvi fechar a narrativa nessa cena. A continuação da noite só veio quatro anos depois, quando lancei Gata Púrpura 1 com uma nova HQ, que continua exatamente do ponto onde a primeira parou.

Agora estou trabalhando em uma nova HQ que fará parte da versão impressa de Gata Púrpura 1, que contará com 32 páginas e deve ser lançada até o final do semestre.

Essa e outras novidades eu conto com mais detalhes em outros posts, que esse aqui já ficou longo demais e eu nem falei ainda do alter-ego da heroína.

Elinaudo Barbosa

Um comentário:

  1. Maravilha ❤❤❤❤
    Tenho paixão pelos animais e a concepção da personagem ficou linda!

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